quarta-feira, 29 de maio de 2013

Uma fábula

Maria Eloá
                                                                                                                                 
Havia um Burro que tinha muita vontade de ser presidente, mas não tinha ideia para nada. Pediu ajuda escondido para a Raposa que, ardilosa, ensinou tudo o que pudesse favorecê-la.

Mas não deu certo.

O Burro não esmoreceu. Pediu auxílio para o Papagaio, que também não ajudava, dava muitos palpites, sabia tudo à sua maneira, ora prejudicava um, ora prejudicava outro.

De novo não deu certo, e tudo ficou como começara: o Burro dando uma de coitado, dizendo que não tinha vergonha de pedir ajuda. Mas era orgulhoso para reconhecer os erros cometidos, comprometendo todos os seus companheiros.

Moral da história: Muito ajuda quem pouco atrapalha

Natacha e seus amigos Coelho e Tartaruga

Maurília Fidelix

Era uma vez uma menina chamada Natacha, que vivia com seus pais, um coelho e uma tartaruga na cidade de Bem-me-quer, no interior do Rio Grande do Sul. A sua casa era muito bonita, cercada de árvores, e tinha também um belo jardim. Havia uma árvore que, pela sua imponência, se destacava das demais. Era uma grande figueira, onde a garota e seus amigos ficavam brincando nos finais das tardes.
Natacha tratava os bichinhos com muito amor. Porém, notava que o coelhinho não gostava e reclamava muito da tartaruga. Ele dizia que ela era muito lerda para correr e até para caminhar. A menina achava tudo isso muito divertido.
Certo dia, estavam os três brincando debaixo da figueira quando a mãe de Natacha a chamou para uma atividade. Ela disse aos amiguinhos: “vou ver o que mamãe quer que eu faça, e volto logo”. O coelho não gostou muito daquela saída, pois não ia muito com a cara da tartaruga. Os dois começaram uma conversa, porém foram surpreendidos por uma rápida e forte chuva. O coelho ficou apavorado, não sabia para onde correr e ,muito aflito, perguntou à tartaruga:
- Você sabe de algum lugar em que possamos ficar?
A tartaruga olhou para o amigo e disse:
- Eu não corro e não sou tão ligeira como você, mas eu sei sim. Olha aqui no pé da figueira, eu fiz um buraco, dá pra nós dois ficarmos até a chuva passar.
O coelho humildemente aceitou o convite.



Princesa Rosa

Sirley Nunes

Há tempos atrás, um pescador encontrou, no rio em que ele pescava, um bauzinho pequeno. Com muita curiosidade, ele o abriu para ver o que existia ali dentro. Começou a ler as cartas e papéis que ali havia. Ao ler, se espantou com o conteúdo, que dizia: “quem encontrar este baú, por favor, leia com muita atenção; na mata, para o lado do norte, existem, numa clareira, sete cabanas, e na sétima eu moro”. Aí veio o pedido: “venha me tirar do cativeiro, porque uma fada malvada me prendeu há muitos anos”.
O pescador resolveu ir ao encontro da aldeia. Depois de caminhar muito e estar muito cansado, sentou um pouco para descansar. Pegou no sono e, ao dormir, sonhou que uma senhora bem velhinha lhe disse:
- Tu vais até a aldeia salvar a princesa; então presta atenção, todas as cabanas têm jardins muito bonitos, mas a que tiver uma roseira branca bem ao centro é a casa número sete; ao entrar na casa, vais ver uma pessoa trabalhando num tear, ela é maltrapilha e feia; chegando lá, ao vê-la, tu vais dizer: “Olá, como vai? Eu vim buscar uma rosa”. A roseira estará toda florescida.
Ele assim fez tudo o que a senhora dissera no sonho. Foi então que, ao dizer:
- Vim buscar uma rosa.
A senhora maltrapilha e feia respondeu:
- Espere um pouco, vou buscá-la.
Quando a mulher voltou com a rosa na mão, era uma linda princesa, que as seis bruxas que viviam ali tinham transformado. O rapaz, ao vê-la linda, bem vestida, assustou-se e disse:
- É você que quer ir comigo?
- Sim, eu sou a rosa que você veio buscar.
O pescador também se transformou num lindo rapaz, e viveram felizes para sempre.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Os peregrinos

Edith

Um carro passou em alta velocidade na precária estrada. A poeira subiu tão alto, formando figuras distorcidas no ar. Um senhor pegou um ramo que o forte vento quebrou, e que tinha ficado preso na cerca de arame farpado. Ele conseguiu pegá-lo para abanar o pó que se acumulou em sua bata, de um tecido marrom encardido. Quando tirava a poeira com as poucas folhas que sobraram, as jogava sobre os outros peregrinos que se arrastavam naquela procissão.
Eu vi naqueles rostos sofridos pela longa caminhada que ainda tinham de andar em íngremes ladeiras, costeadas por estátuas de cerâmica representando as catorze estações em que Jesus parou durante a via sacra até o calvário. Eram pessoas simples, despojadas de vaidade. Só o rosário, alguns amuletos ou flores. A maioria de pés descalços, outros com vestes franciscanas, ou longas batas que quase arrastavam no solo pedregoso. Os cajados de madeira rústica, cheios de farpas, pesavam naquelas mãos calejadas. Até pesadas cruzes sobre os ombros carregavam.
Confesso que chorei, me apiedei daquele povo sofrido, ingênuo, dominado por uma fé cega, doentia. Será que Deus quer isso de seus filhos?
A estátua do Padrinho Padre Cícero é linda, toda branca, um enorme monumento no pico do morro. A vista de Juazeiro do Norte é maravilhosa.
Quando conseguimos desviar dos romeiros, ainda estavam na primeira parada, é que vi o esforço do motor do carro. As ladeiras são margeadas por pequenas casas construídas a um metro acima da pista, há pedras enormes onde ficam encarapitadas crianças e mulheres. É um perigo! São tantas ladeiras, até chegar ao topo do morro parece que não têm fim. Esta aventura me fez refletir: o que é ser cristão? Será que aquelas pessoas que se deram, se entregaram a Deus na sua luta para orar aos pés de uma estátua não são mais iluminadas do que eu?...

sábado, 25 de maio de 2013

O tigre e a raposa


Eva Rosa

O Tigre e a Raposa faziam, todas as manhãs, sua caminhada de rotina. Um dia resolveram consultar a doutora Girafa, que olhou para eles e disse:

- Vamos cuidar do coração, estão um pouco gordinhos. Sigam suas caminhadas com mais frequência, mas não esqueçam de medir seus batimentos cardíacos!


Para surpresa, quem eles encontram? A sua amiga de infância, a velha Tartaruga, que também fazia sua caminhada.


- Desculpe, amiga, não vamos poder acompanhá-la, estamos com pressa.


Começaram a andar rapidamente, mas tiveram uma triste surpresa: caíram em uma armadilha... A noite chegando, a fome e a sede eram grandes. A Raposa, por ser mulher e frágil, chorava muito.


- Vamos morrer!...


Foi quando ouviram alguém chegando, caminhando vagarosamente. Era a velha amiga Tartaruga.


- Esperem, amigos, vou salvá-los!


Começou a roer as cordas, era uma rede muito forte. Até que quebrou um de seus dentes. Mas conseguiu!


Ao saírem, o Tigre e a Raposa abraçaram sua amiga com muito carinho. E então aprenderam a lição: bons amigos não precisam ser ligeiros como você. Eles têm que estar lá nas horas boas e ruins.